A operação ADSUMUS em sua quinta fase da Polícia Federal (PF) e o Ministério Público da Bahia (MP-BA), envolve o alto escalão da antiga gestão da prefeitura de Santo Amaro, na região metropolitana de Salvador, que ficou à frente do executivo municipal durante oito anos.
A informação foi divulgada por ambos os órgãos responsáveis pelas investigações durante coletiva à imprensa na manhã desta quinta-feira (6), na capital baiana. Provas colhidas nas investigações evidenciam a tentativa do ex-secretário municipal de Obras e Administração de ‘enganar’ cidadãos diante do atraso de obras.
No total, foram expedidos oito mandados de condução coercitiva. Quatro deles foram contra servidores públicos. São eles: o ex-prefeito da cidade, Ricardo Machado; o ex-vice-prefeito, Leonardo Araújo; o ex-secretário de Obras e Administração, Luiz Pacheco; e o ex-secretário de Saúde, Marcelo Otero.
Além disso, quatro empresários que estariam envolvidos nos crimes também foram alvos dos mandados de condução. Até a manhã desta quinta-feira, dois deles – sendo um apontado como operador do esquema -, foram localizados pela PF. O nome do empresário suspeito de operar o esquema, que foi encontrado e prestou esclarecimento à polícia na manhã desta quinta-feira, não foi divulgado.
Quanto aos servidores públicos, nenhum dos alvos foi localizado. Entretanto, segundo a PF, o advogado do ex-prefeito de Santo Amaro teria comunicado que ele irá se apresentar no órgão na manhã da sexta-feira (7).
Por conta dos desvios, os oitos alvos de condução coercitiva, por determinação da Justiça Federal, tiveram juntos um total de R$ 38 milhões bloqueados, valor que envolve dinheiro, imóveis e veículos. O valor é relacionado ao total de verbas federais estimadas nos desvios.
A investigação apurou que o esquema ilícito funcionava por meio de três núcleos empresariais que recebiam da prefeitura de Santo Amaro valores para realizar obras públicas, fornecer material de construção e alugar maquinário. Entretanto, a PF diz que foi constatado que parte das obras contratadas era realizada por servidores da própria prefeitura, que assim absorviam parte dos custos e possibilitavam o desvio do dinheiro.
Também foi constatada nas investigações, para além das empresas responsáveis por obras, a participação de empresários de postos de gasolina e produção de eventos no esquema. Inclusive, segundo o MP-BA, a atual fase da Operação Adsumus partiu da delação premiada de um desses empresários.
“Com a colaboração premiada que tivemos com o proprietário de um dessas empresas, aventou também o desvio de recursos na aquisição de combustível”, afirma o promotor de Santo Amaro, Aroldo Almeida.
No que diz respeito às empresas de produção de eventos, o MP-BA diz que foi identificado o suposto operador das propinas desviadas. “Curiosamente, um dos sócios das empresas de eventos já foi secretário de Saúde de Santo Amaro, e o empresário que é responsável, de fato, por essas empresas de eventos […] é do círculo muito próximo de amizade do [ex] prefeito”, conta Aroldo Almeida.
“Esse operador transferia esse valor [desviado] para os servidores públicos envolvidos com as fraudes, que à época eram, no caso, o ex-secretário de Saúde e o ex-secretário de Administração [e Obras]. Essas pessoas transferiam os valores para o ex-vice-prefeito e para o prefeito”, detalha a delegada da PF, responsável pela investigação, Luciana Matutino.
Fonte : G1
0 Comentários