O Brasil e na Bahia após 132 anos da abolição da escravatura, população negra ainda luta pelo direito de viver, assim aconteceu no Supermercado Atakarejo no bairro de Nordeste de Amaralina, onde Bruno e Ian parentes de uma mesma família foram encontrados mortos com sinais de tortura em Salvador, na última segunda-feira (26). Segundo a Polícia Civil, eles foram atingidos por disparos de arma de fogo. Inicialmente, a polícia informou que a motivação do crime estava relacionada ao tráfico de drogas. No entanto, nesta quinta-feira (29), a família revelou que eles teriam sido mortos após serem flagrados furtando carne no supermercado Atakarejo.
Bruno Barros da Silva, de 29 anos, e seu sobrinho, Ian Barros da Silva, de 19 anos, foram identificados na terça-feira (27). Segundo o Portal G1, uma amiga de Yan enviou áudios para ela contando o que havia ocorrido e pediu R$ 700 para evitar que ele e o tio fossem entregues a traficantes pelos seguranças do estabelecimento.
Os seguranças teriam cobrado dinheiro das vítimas para liberar Bruno e Ian. Entre as mensagens e ligações, Bruno pediu para chamar a polícia para evitar que ele fosse entregue aos traficantes.
Segundo ela, na última ligação, Bruno apelou que ela fosse até o local. A mulher entrou em contato com os policiais, através de central telefônica, mas não conseguiu evitar as mortes. “‘Eu vou morrer! Não me deixa morrer, não! Vem para cá! Chame a polícia para me prender’. Foi a última coisa que ele me falou. Depois eu não consegui mais falar com ele. Cheguei a ligar para o 190, registrar uma queixa, mas não adiantou, porque quando a polícia chegou, já era tarde demais”, disse a amiga de Ian ao Portal G1, que preferiu não se identificar.
Um homem, que pediu para não ser identificado, disse ter visto o momento em que Bruno Barros e Yan Barros, tio e sobrinho, foram levados por um segurança para uma área interna do supermercado Atakarejo, em Salvador. Os dois eram acusados de furto no supermercado.
Em entrevista à TV Bahia, a testemunha também disse ter visto o momento em que a dupla foi entregue para homens armados. De acordo com familiares, Ian e Bruno chegaram a pedir dinheiro para pagar os produtos que teriam furtado e disseram que seguranças do local os entregariam para traficantes. Os dois foram executados e deixados na localidade da Polêmica, em Brotas.
“Eu estava no momento que o ‘prevenção’ e o gerente acusou (sic) os dois rapazes de ter furtado dentro da loja. Tiraram os rapazes da loja, levaram para uma parte que é restrita deles, só de funcionários. E aí ouvi muitos gritos, ouvi muitos gritos, tipo como se estivessem agredindo os dois rapazes. Muito, muito, muito mesmo”, contou a testemunha.
O homem diz ter visto Bruno e Yan implorarem para que não fossem entregues aos homens armados. Segundo a testemunha, a dupla teria sido entregue, mesmo após pediram desculpas pelo roubo.
“Eu ouvi zoada de chutes. A parte que eu vi foi dentro da loja, entendeu? E quando eu estava saindo. Em seguida eu vi muitas pessoas armadas. E vi o portão abrindo e os dois rapazes pedindo por favor pra não deixar levarem eles, né? Pedindo desculpas, e mesmo assim, eles pegaram, abriram o portão e deixaram o pessoal levar eles lá. O pessoal que estava armado, né? Se é que me entendem”, disse a testemunha à TV Bahia.
Ministério Público, OAB-BA e Secretaria de Justiça e Direitos Humanos dizem acompanhar o caso
O Ministério Público do Estado da Bahia informou nesta sexta-feira (30) que está acompanhando o caso .O MP diz que “adotou as providências cabíveis nesta fase preliminar de apuração, autuando uma notícia de crime e encaminhado ao Núcleo do Júri da Capital, para fins de acompanhamento das investigações que, conforme noticiado pela imprensa, já vêm sendo realizadas pela Polícia Civil”.
A Ordem dos Advogados do Brasil Seção Bahia (OAB-BA) anunciou, por meio de nota, que acompanha o caso por meio de sua Comissão Especial de Promoção da Igualdade Racial. “As denúncias de que, após serem apreendidas no interior da loja, as vítimas teriam sido entregues pelos seguranças do estabelecimento comercial a traficantes de drogas do bairro, ao invés da polícia, é de extrema gravidade e requer, da Secretaria de Segurança Pública, uma apuração profunda e célere, para que, garantidos o devido processo legal e a ampla defesa, seja feita Justiça e os culpados sejam punidos na forma da lei. A OAB considera que a substituição da Justiça por “tribunais do crime” é um retrocesso civilizatório intolerável e continuará acompanhando o caso”, diz a nota.
A Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social da Bahia (SJDHDS) repudiou o crime, através de nota, e disse que o caso já foi levado ao Conselho Estadual de Direitos Humanos que, juntamente com a SJDHDS, acompanhará todo o processo até a total elucidação do crime.
Fonte: Intinga TV
G1 e TV Bahia
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