Vitória de Onix Lorezone

Publicado por Albry Alves em 04/02/2019 às 10:56



Com uma excelência estratégia o Ministro Casa Civil , consegue vencer o invencibilidade da Renan Calheiro .

A maioria dos senadores da nova safra falou durante o fim de semana sobre política limpa, pressão popular, clamor por transparência e voto aberto.

Quando o Senado começou uma de suas votações para presidente, por volta de 15h45 de sábado (2.fev.2019), o gramado em frente ao Congresso era um deserto de almas  O povo não estava lá. Menos de 10 gatos pingados gritavam “fora, Renan!” num canto da paisagem. Bem no fundo, 1 pixuleco inflável reinava sozinho.

A pressão popular não vinha da vida real. O que houve a grande manifestações nas redes sociais .

Renan Calheiros (MDB-AL) foi alvo 892.862 tweets em 3 dias —5ª feira, 6ª feira e sábado (de 31 de janeiro a 2 de fevereiro), segundo a consultoria digital Bites. O conteúdo desses posts foi fortemente negativo para o político alagoano.

Em suma, cada vez menos haverá manifestações físicas nas ruas. E cada vez mais o teatro de operações será no mundo virtual.

Para o bem e para o mal, os políticos hoje ficam conectados a bilhões de posts no Twitter, curtidas no Facebook e fotos no Instagram. Fazem isso porque depois as opiniões no mundo digital viram realidade nas urnas em períodos eleitorais.

Eis 1 exemplo de novidade no processo legislativo: o jornalista de formação e agora senador Jorge Kajuru (PSB-GO) fez uma enquete em sua página no Facebook e em outras dezenas de perfis ligados a ele. Pediu aos leitores do “feice” que sugerissem em quem ele deveria votar. Kajuru relata que teve 186.315 respostas. Em 77% dos casos, queriam que ele votasse em Davi Alcolumbre (DEM-AP) para comandar a casa. Assim foi feito.

O senador alagoano transformou-se no epítome do que pode haver de ruim na política. Amalgamou para si esse sentimento dentro e fora do Congresso, sobretudo entre deputados e senadores novatos. Tornou-se uma espécie de “Geni do Senado”. Gritar “fora, Renan!” virou sinônimo de “fora, velha política!”.

Falar de obras feitas é fácil, mas Renan poderia ter trabalhado para escolher alguém do seu grupo político como candidato ou candidata a presidente do Senado. A senadora Simone Tebet (MDB-MS) poderia ter oxigenado o processo. Renan foi puro gás carbônico. Sua toxidade o expeliu para fora da disputa.

DEMOCRACIA DIGITAL

Como se sabe, o homem é ele e suas circunstâncias. Renan acreditou no rito tradicional, no respeito ao Regimento Interno, no que determina a Constituição e em acordos firmados com base na micropolítica congressual.

O voto para presidente do Senado deveria ter sido secreto. O Supremo Tribunal Federal, por meio de seu ministro-presidente, Dias Toffoli, reafirmou este ditame na madrugada de 6ª feira para sábado.

Ocorre que em momentos de disrupção política sempre se abrem novas veredas.

O voto tinha de ser secreto? Muito bem. O Senado brasileiro ofereceu ao mundo uma inovação: o “voto semiaberto”. Dezenas de senadores mostraram suas cédulas preenchidas  antes de depositá-las na urna. Inclusive Flávio Bolsonaro, o filho do presidente da República deu a primeira derrota ao entusiasmado Senador Renan.

Nessa eleição o Renan perdeu e ninguém ganhou”, diz o senador Cid Gomes (PDT-CE), ex-governador do Ceará e político experiente. É uma possível síntese, mas 1 pouco exagerada. Para cada perdedor há 1 vencedor do outro lado.

Não haveria derrota de Renan sem a existência de uma candidatura competitiva e com ousadia política como acabou se tornando a postulação de Davi Alcolumbre.

Pois o ministro da Casa Civil enxergou potencial num até então desconhecido senador pelo Amapá em meio de mandato, Davi Alcolumbre, de apenas 41 anos.

Onyx apostou alto. Seu ganho foi proporcional ao tamanho do risco. A sorte muitas vezes favorece quem é arrojado.

O ministro político de Jair Bolsonaro bancou há 3 meses a candidatura de Davi Alcolumbre. O chefe da Casa Civil é o maior vencedor dentro do Poder Executivo após o êxito no Senado.

Neste ponto da análise vale lembrar: Onyx foi também o único político no Democratas que há quase 2 anos identificou em Jair Bolsonaro, até então 1 deputado federal do baixo clero, o nome para conquistar o Planalto.

Para resumir: Onyx acertou sobre quem seria presidente da República e vaticinou quem viria a ganhar o comando do Senado. Não é pouca coisa.

É claro que Onyx não teve o mesmo sucesso na Câmara. Fez carga em alguns momentos contra a candidatura de Rodrigo Maia (DEM-RJ). Rodrigo se reelegeu com uma vitória maiúscula para ocupar pela 3ª vez consecutiva a presidência da Câmara.

Ocorre que no caso da Câmara o próprio Jair Bolsonaro já havia feito um movimento de aproximação com Rodrigo Maia, que também tem excelente relação com o ministro da Economia, Paulo Guedes. A relação com o Planalto está pacificada.

Além do mais, na fartura, tudo acaba se resolvendo.

Na noite de 2 de fevereiro de 2019, todos se encontraram e confraternizaram na residência oficial da presidência do Senado. O clima já está mais ameno entre Rodrigo Maia, Onyx Lorenzoni e Davi Alcolumbre. Faltam ainda serem acertados os ponteiros com outras duas estrelas do DEM, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, e o prefeito de Salvador, ACM Neto.

O que importa neste momento, para além da política, é a capacidade de o governo ganhar tração dentro do Congresso para aprovar as reformas estruturantes e o Brasil voltar a crescer de maneira sustentada.

É difícil fazer prognósticos sobre o voto dos 513 deputados e dos 81 senadores.

As eleições para presidentes das duas Casas do Congresso deixaram feridas e algumas promessas vagas de revanche. Na Câmara, sem algum tipo de fisiologia, é muito difícil construir uma maioria de 308 votos.

Há indicações de que dentro do Planalto já se considera fazer algo que pode ser chamado de “fisiologia com compliance”. Ou seja, analisar com lupa as emendas ao Orçamento propostas por congressistas e aí liberar os recursos quando julgar-se que não existe encrenca envolvida.

Emendas não são “toma lá, dá cá”, disse Onyx Lorenzoni  sempre em suas falas .

Será necessário que essa “fisiologia com compliance” se estenda para os milhares de cargos públicos nos Estados. O líder do DEM na Câmara, Elmar Nascimento, eleito pela Bahia, esteve com Onyx no último dia 30 de janeiro.

Elmar, que é muito ligado a Rodrigo Maia e a ACM Neto, falou com clareza que o Planalto deve atuar com prudência antes de demitir a maioria dos ocupantes de funções federais nos Estados.

“A base de apoio ao governo Bolsonaro é muito parecida à que apoiava o ex-presidente Michel Temer. Os deputados têm muito pouco espaço em Brasília. Muitos desses deputados estão de volta agora. Simplesmente demitir quem ocupa cargos nos Estados pode trazer problemas. É evidente que não se deseja nada ilegal. Mas nos locais nos quais tudo funciona não há razão para demissões”, diz Elmar.

Uma forma de tentar prognosticar como será a base de apoio ao Planalto é olhar a votação que os dirigentes da Câmara e do Senado receberam.

Como se observa no quadro acima, 6 dos 7 integrantes da Mesa Diretora da Câmara receberam acima de 308 votos, o mínimo necessário para aprovar uma emenda constitucional como a da Previdência.

É óbvio que voto para presidente da Câmara não é equivalente a apoio para mudar o sistema de aposentadorias. Trata-se apenas de 1 indicador.

Rodrigo Maia teve 334 votos. Seu 1º vice-presidente, Marcos Pereira (PRB-SP), chegou a expressivos 398 votos. São apoios relevantes que os credenciam para articular com todas as legendas no momento em que a reforma da Previdência estiver em pauta.

No Senado só foi eleito o presidente, Davi Alcolumbre. Os outros integrantes da Mesa Diretora só serão escolhidos na 4ª feira (6.fev.2019).

Quando se observa a votação de Davi, é 1 erro tomá-la pelo valor de face. Foram só 42 votos (1 a mais do que o mínimo necessário). Faltam 7 senadores para chegar ao quorum exigido em alterações constitucionais (49 apoios entre os 81 possíveis).

Ocorre que é necessário levar em conta os demais votos do sábado:

  • Davi Alcolumbre (DEM-AP): 42 votos;
  • Esperidião Amin (PP-SC): 13 votos;
  • Ângelo Coronel (PSD-BA): 8 votos;
  • Reguffe (sem partido-DF): 6 votos;
  • Renan Calheiros (MDB-AL): 5 votos;
  • Fernando Collor (Pros-AL): 3 votos.

Parte considerável dos votos (não menos do que 10) em Esperidião Amin, Ângelo Coronel e em Reguffe foi também contra Renan Calheiros. Se houvesse 1 hipotético 2º turno entre Davi e Renan, o senador do DEM teria vencido com larga margem.

O melhor indicador do Senado foi a votação de 6ª feira (1º.fev.2019), quando a tese do voto aberto recebeu 50 apoios.

É evidente que não se trata de considerar que tanto na Câmara quanto no Senado a tramitação das reformas será 1 passeio para o Planalto. Não será. Mas tampouco há sequelas incontornáveis para a aprovação de projetos de modernização liberal do país.

Os 2 presidentes das duas Casas do Congresso professam a economia de mercado. Ambos são filiados ao DEM, partido com mais ministérios na Esplanada de Bolsonaro. O clima no país nunca foi tão aberto a mudanças com a que se discute para a Previdência.

A melhor forma de descrever o atual cenário é com duas variantes. Primeiro, é claro que ainda há 1 pouco de incerteza pela magnitude das reformas que serão apresentadas ao Congresso. Segundo, há 1 nítido viés positivo para que tudo seja analisado de maneira positiva pela maioria de deputados e de senadores.

Fonte : Poder 360



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